Nas décadas de 80 e 90, os grandes centros urbanos brasileiros vivenciaram uma verdadeira efervescência cultural com o Heavy Metal, em suas mais diversas vertentes. Inúmeras bandas se formavam, se apresentavam com frequência, e contavam com um público expressivo e apaixonado. Muitos dos que fizeram parte da cena naquele período, como músicos ou como fãs, têm lembranças saudosas de uma era dourada que não voltará mais.
Os anos subsequentes representaram, de maneira geral, um declínio. Muitas bandas se desfizeram, o público foi aos poucos se dispersando, e os que resistiam e continuavam criando conteúdo tocavam para públicos cada vez menores e em lugares cada vez mais inóspitos.
O mercado mudou e, com uma maior afluência de atrações internacionais, as bandas locais foram progressivamente sendo relegadas para uma posição de menor relevância. Muitos fatores são apontados como os culpados por esse fenômeno – o da queda do Underground. A maior parte deles está relacionada com novas tecnologias e com a popularização da Internet.
No “passado glorioso”, a busca por conhecimento musical era um processo ativo e que demandava grande esforço: compra de material, comparecimento em shows, ouvido atento aos programas de rádio, dedos atentos para gravar os mesmos em fitas cassete, trocas de correspondência e materiais por correios, enfim… sangue, suor e lágrimas!
Com a digitalização dos processos e com a facilidade de download de conteúdo, todo esse processo tornou-se eminentemente passivo. O sujeito ficou exposto a uma avalanche de conteúdo, tudo ao alcance de um clique e com custo zero! Os incentivos que motivavam o headbanger a “por a mão na massa” e assim, direta ou indiretamente, fomentar a cena, desapareceram.
Independentemente das causas de tal ocaso serem mesmo fruto da tecnologia, o fato é que a maior parte das bandas dessa “geração de ouro” do Heavy Metal, com poucas e notáveis exceções, padeceu de um mesmo mal: A falta de registros de qualidade de seus trabalhos.
Boa parte delas, a despeito de terem criado canções memoráveis, riffs épicos e melodias marcantes, morrerão juntamente com as memórias dos que presenciaram seus feitos. Outras sobreviverão apenas em registros que não fazem jus à grandeza que outrora tiveram.
É preciso entender que, há 20 ou 30 anos, os custos de se obter equipamentos de qualidade e horas de estúdio eram proibitivos para quase todas as bandas. Aquelas que se desdobravam para conseguir gravar material, se não estivessem subsidiadas por uma gravadora com recursos, acabavam tendo que se contentar com registros de qualidade inferior. A percepção de que as gravações não estavam a par com a energia que as bandas transmitiam no palco, ao vivo, era muito frequente.
O resultado disso é a contradição de se ter diversos grupos seminais, que servem como uma sólida fundação e inspiração para tudo o que veio depois, mas que de certa forma terão seu brilho apagado pelo tempo, à medida em que residem, majoritariamente, nas memórias dos envolvidos, que eventualmente envelhecerão e morrerão.
E é nesse ponto que reside a redenção dos avanços tecnológicos perante o Heavy Metal. Da mesma forma que podem ter contribuído para a “morte” do Underground, eles agora são responsáveis pelo seu renascimento.
Há um florescimento vigoroso de projetos novos no Metal Underground, como não era visto há muito tempo. Bandas estão surgindo. Outras, que haviam interrompido seus trabalhos, estão retornando. E o que é melhor: lançando materiais consistentemente e com qualidade até então inédita fora do Mainstream!
Como isso aconteceu? É o que dissecaremos na segunda parte desta matéria…
A Mindscrape Music diz: o Metal nunca irá morrer! Ele apenas se renova com o tempo… a essência vive!
Enquanto isso, compartilhe conosco suas experiências da época de ouro do underground, no campo abaixo. Siga-nos no Instagram e no Facebook! Até o próximo post!
Ótima matéria!!! O metal vive!!!!!!
Valeu!! \m/
Que massa Daniel!! Me sinto muito orgulhoso de ter feito parte, de certa forma, desta história. Um forte abraço!!
Faz parte, e com todos os méritos! Longa vida ao Execrate!
Parabéns Franco, você ė um Montro!
Parabéns a Mindscrape Music pela iniciativa! Abraço à todos!
Valeu, Medina!! Grande abraço!!
Matéria excelente e uma honra ter material do Sangue Antigo e do Aurora Ancestral junto das nossas influências. Grande abraço
Obrigado pelo elogio! Abraço.
Excelente matéria parabéns aos fortes que ainda lutam pelo metalunderground , abraços
Isso aí, a luta é eterna! Obrigado pelo elogio!
Excelente artigo!
Muito obrigado! A segunda parte já está no forno!
Excelente matéria. Eu estou no underground/ metal desde 1991/92 e lá por 95 é que eu fui descobrir o verdadeiro under nacional e desde então é o que eu mais apoio. Lembro quando eu vi o amen corner em cascavel pela primeira vez e foi perfeito! Longa vida ao metal underground nacional
Obrigado! Falando em Amen Corner, não deixe de conferir essa bela matéria de outro colaborador do site sobre a cena BM local! A primeira de uma série. https://metalarmy.com.br/black-metal-em-curitiba-dos-anos-1990-ate-a-atualidade-parte-i-origens/
Peguei o underground no final dessa época de trocas de fitas, troca de cartas e materiais via correios, comprar discos sem conhecer, etc… Mas tenho meus materiais até hoje, são parte da minha história.
Lembro de começar a ir nos shows da capital de SP, ver bandas que nem sequer chegaram a lançar demos, outras que não lançaram seus discos oficiais, e exatamente nessa linha de pensamento que citou no artigo: bandas ótimas que morrerão com quem as presenciou ao vivo.
Mas é isso aí, do mesmo jeito que não conheci uma pancada de bandas que vieram antes de mim, os próximos não conhecerão as bandas que eu conheci. Mas o cenário vai se renovar da forma que tiver que ser renovado e nunca morrerá.
“Metal, ideologia de vida” by Guerreiros Headbangers