Nunca mais esquecerei do dia em que a banda canadense Longing for Dawn se revelou diante minhas pesquisas sobre metal, um hábito que exerço há muito tempo. Era um dia cinza e chuvoso, não fazia frio nem calor, tudo parecia insosso.
Estou certo que era final de 2009 e eu buscava novos álbuns para ouvir durante o trabalho, quando me deparei com um desses blogs com links para download.
Lembro que dentre os gêneros com maior evidência e as várias bandas maiores que estavam em destaque – algumas com bastante apelo comercial –, eis que me chama a atenção a capa da banda originária de Montreal, Quebec.
Devo admitir que a estética visual me remeteu a alguns nomes do Black Metal Avantgarde, resgatando uma imagem vazia e desoladora, presente na essência reclusa e insociável do gênero. O que eu via era como uma fusão do “The End Stands Silent” do Frostmoon Eclipse (Itália) com o grandioso “Bergtatt – Et Eeventyr i 5 Capitler”, primeiro álbum do Ulver (Noruega), disco que considero um clássico absoluto para apreciadores do second wave norueguês.
Naquela época, já ouvia algumas bandas de Funeral Doom como Shape of Despair (Finlândia) e Hierophant (EUA), porém reconheço que naquele dia fiquei um tanto receoso em ouvir um álbum dessa natureza e me afundar em um mar de lamentações.
Contudo, resolvi enfrentar o desafio: primeiro busquei no YouTube e encontrei a faixa que encerra o álbum, chamada “The Piscean Dawn”. Foi então que ouvi uma introdução com ruídos abissais que aos poucos mesclava com melodias tocadas na guitarra sem distorção, mas com o reverb ideal para criar uma atmosfera que aclimatava com o cinza do dia, tons esses presentes também na capa do álbum.
Chegando em quase dois minutos de música, a bateria estabelece o ritmo arrastado, fazendo apenas a marcação em semínimas no cymbal, o que me fez entender que algo vagaroso estava por vir.
A bateria e a guitarra distorcida que entram aos 03:30 corroborou a impressão inicial e me fez imergir na imensidão de questionamentos existenciais. Embora lenta, a música possui fluidez em variações sutis para que, após um breve interlúdio e mais um período mergulhado em melodias soturnas, aos 11:54 o ápice é atingido com um misto de melancolia e sofrimento quase torturantes.
Depois de aprovar essa experiência, imediatamente soltei o disco para tocar na íntegra. As 4 músicas que constituem o álbum somam mais de 52 minutos e em nenhum momento tive vontade de interromper a audição, pois as mudanças entre climas tranquilos (porém sinistros), cessados por súbitas cargas de agressividade, conferem uma dinâmica única na obra.
Sei que ouvi 3 vezes o disco inteiro naquela ocasião e entrei em contato com a banda nos dias subsequentes, adquirindo então esse e os outros 2 CDs para minha coleção pessoal.
Não irei me alongar no texto pois nesse momento penso que você já tenha entendido o propósito da banda. Então prefiro que dê uma chance ao disco, vá depressa ouvir essa obra de arte e, em seguida, comente aqui no blog para que eu saiba o que você achou.
FICHA TÉCNICA
- Banda: Longing for Dawn (Canadá)
- Album: Between Elation and Despair
- Ano: 2009
- Gravadora: Grau Records (Alemanha)
- Curiosidade: a banda encerrou as atividades em 2009, depois do lançamento do álbum. Na loja da Grau Records [link: http://www.grau-mailorder.de], ainda é possível encontrar os CDs “A Treacherous Ascension” (2007) e “Between Elation and Despair” (2009), mas o primeiro álbum “One Lonely Path” (2005) foi limitado em 1.000 cópias, lançado pelo selo Twilight Foundation e já está completamente esgotado.
Infelizmente, ainda não temos materiais da banda Longing for Dawn, mas oferecemos aos nossos clientes um acervo de materiais Doom Metal e outros gêneros de metal extremo. Confira nossa loja, siga no Instagram e Facebook e lembre de comentar sobre o som da banda nos campos abaixo.
Obrigada por ter me apresentado aquele dia! Amei ? muito boa a banda e o post! ???
Eu que agradeço pelo comentário! Em breve te apresentarei outras nuances do Funeral Doom e, quem sabe, volte a postar mais sobre o gênero no futuro.
Excelente post. Não conhecia a banda, conheci a mesma recentemente por indicação sua no Instagram. A linha do Funeral Doom que a banda executa é simplesmente impecável, a sua sonoridade faz o ouvinte mergulhar em um turbilhão de sentimentos, essa atmosfera caótica, desoladora, angustiante, e sombria que a banda transmite em suas músicas é algo surreal. Ouvir tais discos como esses é como fazer uma viagem sem ao menos sair do lugar. É impressionante a tamanha perfeição e o feeling que está contido em cada canção !